O desenvolvimento do sector agrícola pode contribuir grandemente para a erradicação da fome e da pobreza no nosso país. É importante que se criem incentivos destinados a relançar a economia agrícola, apostando-se , particularmente, na agricultura familiar, que, além de assegurar o sustento de milhões de pessoas que vivem no campo, pode ajudar a fazer crescer o agro-negócio.
Se não se prestar atenção à agricultura, continuaremos a assistir ao fenómeno do êxodo de jovens que vivem no campo para as zonas urbanas, de onde dificilmente saem para regressar às suas zonas de origem.
Josefa Sacko , comissária para a Economia Rural e Agricultura da União Africana, chamou a atenção para o facto de a maioria dos agricultores terem idades acima dos 60 anos, tendo defendido a promoção do agro-negócio de pequenas e médias empresas, para atrair os jovens.
Conhecedora da realidade africana, ao nível da actividade agrícola, Josefa Sacko entende que “a agricultura familiar é muito importante no continente. A estrutura da agricultura em África é familiar, porque 60 por cento da população é rural.”
Será necessário que se aproveitem as competências dos jovens que saem do ensino médio e superior para alavancar a actividade agrícola, devendo entretanto haver investimento público capaz de ajudar a emergir unidades produtivas que sejam geradoras de bem-estar para as famílias das zonas rurais.
Queixamo-nos constantemente de que os jovens não querem ir para as zonas rurais ou saem delas, mas não se põem em marcha políticas públicas que possam incentivar a juventude a trabalhar no campo. Os jovens querem naturalmente realizar-se profissionalmente, mas é necessário que lhes sejam dadas oportunidades e que sejam realizados investimentos públicos ao nível de infra-estruturas.
Terá ainda o Estado em África de intervir na economia rural, para dar sustentabilidade à actividade agrícola familiar, de modo a ajudar os pequenos camponeses, que não têm muitos recursos financeiros para desenvolver e manter a sua actividade produtiva.
Angola tem terras férteis e muitos camponeses interessados em dar a sua contribuição ao desenvolvimento rural. Uma verdadeira aposta nos nossos camponeses pode permitir que se deixe de importar bens que podemos produzir no nosso país. Como disse Josefa Sacko, que é angolana, “temos de acelerar a nossa agricultura. Temos a vantagem de estarmos em duas regiões (África Central e Austral) e podemos ser uma potência nessas regiões.”