RIO - Na última terça-feira, 11 de setembro, o PartidodosTrabalhadores finalmente formalizou a substituição de Lula por Fernando Haddad como candidato a presidente. É o mais recente capítulo da conturbada eleição de 2018, o pleito com mais sobressaltos da Nova República.
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A partir de agora, os esforços petistas se concentram em concretizar a previsão dos especialistas de campanha consultados pelo partido, que apostam que o novo candidato terá pelo menos 20% dos votos. Esse patamar, no cenário atual, garante a presença do PT e coligação no segundo turno.
Dando continuidade à estratégia de vinculação da sua imagem ao do ex-presidente - "Lula é Haddad", diz o jingle da campanha petista -, Fernando Haddad manterá uma agenda de visitas semanais a Lula na carceragem da Polícia Federal. Esta parece ser a melhor opção, aos olhos do candidato e dos estrategistas do partido, para garantir a transferência dos votos de Lula para o ex-prefeito de São Paulo. Talvez de fato seja, mas não é um caminho sem riscos.
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Por um lado, o desafio do novo candidato petista é convencer os eleitores que declararam intenção de votar no padrinho a redirecionar o voto para ele, e assim evitar que se dispersem entre os demais candidatos; sobretudo que caiam no colo de Ciro Gomes. Por outro lado, precisa mostrar que não é "poste", como se dizia pejorativamente na época de Dilma Rousseff, ou mero ventríloquo de Lula.
Haddad terá que convencer os eleitores que tem luz própria e está capacitado para ocupar a Presidência da República. Do contrário, corre o risco de não obter apoio do eleitor mais desconfiado e que guarda na memória a conturbada experiência com Dilma. Uma coisa é votar em Lula, outra no poste do Lula.
Para ter sucesso nessa empreitada, o primeiro passo é obter apoio dentro do próprio PT. Afirmações como a do senador Lindbergh Farias (PT-RJ), que em caso de sucesso eleitoral será Lula quem indicará os ministros do novo governo, ou do ex-ministro Gilberto Carvalho, que afirmou em entrevista à Gazeta do Povo que Lula sairá da cadeia direto para o planalto, para "co-governar com o Haddad", só servem para desabonar Haddad como político e gestor.
Não custa lembrar que o petista já se tornou alvo preferencial de críticas dos demais candidatos. Com Lula preso e sua candidatura contestada, os adversários não tinham como personalizar as críticas ao petismo. Daqui para frente, os ataques virão de todos os lados, de Bolsonaro a Ciro, passando por Alckmin e Marina.
Haddad ainda tem muitos obstáculos a superar até o fim do primeiro turno: dentre eles, tornar-se conhecido por grande parte do eleitorado, provar que não está associado a escândalos de corrupção e tem reputação ilibada, convencer ao menos parte mercado financeiro e do setor produtivo que adotará política fiscal responsável.
Tudo que o candidato petista não precisa nessa travessia é ser desacreditado pelos próprios correligionários.
*Lara Mesquita é doutora em ciência política pelo IESP/UERJ e pesquisadora do Centro de Política e Economia do Setor Público - CEPESP/FGV.
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4 comentários
Fernando Andrade ? há 52 minutos
O Globo ESCONDE de seus leitores que Fernando Haddad, de acordo com a pesquisa Vox Populi divulgada ontem, quinta-feira, já está à frente de Jair Bolsonaro! Mais uma VERGONHA da Mídia GOLPISTA!
Marcia ? há 2 horas
Eu já fiz a escolha do meu candidato a presidência esse ano. Vou de Geraldo Alckmin.
Adalberto Rodrigues da Silva ? há 2 horas
É claro ser o candidato favoritíssimo o alvo preferido das críticas disparadas pelos demais concorrentes. Haddad vencerá no primeiro turno e essa é a previsão mais lógica, daí o desespero de seus adversários, tanto que um deles chegou a programar e realizar a cena de um atentado que, até agora, a camisa suja com seu sangue não apareceu e não vai aparecer porque ela nunca existiu: bem, alguns ingênuos "enguliram" como real essa peça teatral.
Colombo Silva Melo ? há 2 horas
Muito bom este artigo. Ótima análise.