De acordo com uma pesquisa feita pela
revista médica JAMA Open Network, em um comparativo feito com um grupo de
mulheres entre 2019 e 2020, houve um aumento de 17% no consumo de bebidas
alcoólicas
Tempos atrás, quando se falava em
bebida alcoólica, as pessoas sempre associavam ao universo masculino, seja pelo
comercial de cerveja estereotipado ou até mesmo pelos filmes em que homens
poderosos sempre estavam segurando um copo de whisky. Os tempos mudaram, e,
cada vez mais, elas estão apreciando diferentes tipos de bebidas.
De acordo com uma pesquisa
feita pela revista médica JAMA Open Network, em um comparativo feito com um
grupo de mulheres entre 2019 e 2020, houve um aumento de 17% no consumo de
bebidas alcoólicas. Mas engana-se quem pensa que elas querem apenas consumir,
hoje em dia elas também querem se destacar como empresárias bem-sucedidas do
ramo.
Diversas cantoras sertanejas
estão investindo nesse setor e criando e patenteando suas próprias bebidas. Mas
não são apenas as famosas que descobriram esse mercado lucrativo, hoje em dia é
possível encontrar diferentes perfis de mulheres interessadas em empreender no
universo da cachaça.
“Nós ficamos surpresos com
o número de mulheres interessadas no curso nos últimos tempos. A cada 100
alunos, 30 são mulheres, um número bastante expressivo”, afirma Leandro Dias, um dos
responsáveis pelo curso Lucrando
com Bebidas, que ensina como ter sua própria marca de bebida
destilada, sem ter um alambique, sem burocracia e com baixo investimento. O
curso, inclusive, foi criado após Dias conhecer histórias inspiradoras e ajudar
pessoas que sonhavam em trabalhar nesse ramo, como é o caso da empreendedora Fran Santos, que
percebeu que poderia ser sua chance de criar sua própria marca de bebida sem
ter muito trabalho.
Fran Santos
A empreendedora, que
trabalhava como editora de vídeo, decidiu abrir seu próprio bar em 2014, na
região de Parelheiros (SP). “Nessa
época eu comprava cachaça artesanal de alambiques e vendia no meu bar
chamado Colônia”, explica a empreendedora. Nesse período ela conseguiu
conquistar diversos clientes nessa região humilde com seus drinks e coquetéis
autorais à base de cachaça. Apesar do sucesso, muitos ainda torciam o nariz
quando escutavam a palavra cachaça.
“Quando querem falar sobre
uma pessoa que bebeu demais ou está dando vexame, logo utilizam o termo
cachaceiro, como se a cachaça fosse algo ruim e as demais bebidas fossem
superiores”, diz
Fran. Para conseguir reverter essa situação, principalmente quando eram
clientes mais jovens que apareciam no bar, ela lançava um desafio. “Oferecia uma bebida mista doce feita
com cachaça e com baixo teor alcoólico, ninguém resistia e não acreditavam que
aquilo era a base de cachaça, pois tinham um preconceito contra a bebida”,
ressalta a empreendedora.
Apesar de estar satisfeita com
seu bar, a pedido de sua mãe, resolveu voltar à Piracicaba (onde reside toda
sua família materna) e dar um passo além e conquistar sua própria cachaça. Para
isso, decidiu estudar tudo sobre o universo da bebida e fazer um curso online
que ensina como ter sua própria marca sem muita burocracia. No final de 2018,
então, ela resolveu abrir seu bar em Piracicaba: o Dezenove Horas. Além do novo
espaço, a empreendedora criou sua própria cachaça batizada com o mesmo nome do
bar.
No rótulo, é possível ver uma
homenagem ao monumento do peixe de Piracicaba, que na língua tupi significa o
lugar onde o peixe para - uma referência às quedas do rio Piracicaba, que
bloqueiam a migração (piracema) dos peixes. A produção da bebida é
terceirizada.
Além da 19:horas, por ter a
receita da Gabriela e de outras bebidas alcoólicas mistas, Fran também
ingressou no INPI com o pedido da patente da marca Gabriela (cuja marca é
comercializada por diversas empresas no Brasil). A bebida é conhecida por
possuir sabor de cravo e canela (homenagem ao escritor Baiano Jorge Amado), com
um teor alcoólico menor, focando também na divulgação e comercialização do
drink Jorge Amado, uma variação da caipirinha, feito com limão macerado,
maracujá e Gabriela, drink criado por Camila Paiva. Apesar de ser muito
conhecido na região de Paraty, é pouco conhecido no estado de São Paulo, mas
muito apreciado e requisitado por aqueles que degustam.
"Meu objetivo é
quebrar esse paradigma de que bebida boa é aquela produzida fora do Brasil. A
cachaça é nossa, quando alguém de outro país vem visitar o Brasil, todos querem
experimentar nossa caipirinha, então é importante abrir mão desse preconceito e
saborear essa delícia tipicamente brasileira", comenta Fran.
Outro ponto que tem
contribuído para a democratização da cachaça são as redes sociais. "Hoje as mulheres postam fotos e
assumem que bebem cachaça, se duvidar até mais que os homens, que costumam ter
receio de assumirem que apreciam a aguardente por puro preconceito”, finaliza a
empreendedora.
A empreendedora ressalta que
uma outra forma de quebrar esse preconceito é disponibilizar a receita de
drinks saborosos e de fácil execução no próprio contrarrótulo da garrafa.
Cervejeira por acaso
Natural
de Itajubá, sul de Minas Gerais, Camila Nassar tem 32 anos e seu interesse pela
produção de cerveja foi por acaso. “Estava
procurando estágio obrigatório e qualquer lugar que abria uma vaga para
engenharia, eu mandava meu currículo. Foi aí que surgiu a vaga de estágio
em uma empresa do ramo cervejeiro, sendo que no assunto de cerveja eu só sabia
beber e fazer balanço de massa em grandes equipamentos, confesso que nem sabia
que dava para fazer cerveja em casa”, diz ela.
Camila Nassar
No mesmo ano ela começou a
estudar sobre insumos (lúpulo, fermento, malte) e ler livros para cervejeiros
caseiros. Em pouco tempo ela já comprou seus equipamentos para começar a fazer
cerveja em casa e pôr em prática toda a teoria que acumulara. Apesar de ter
aprendido muito com esse estágio, ela diz que vivenciou alguns episódios de
preconceito.
“Em 2016 eu já era gerente
de uma loja de cervejas de Campinas e, apesar de entender bastante sobre o
assunto, muitos clientes gostavam de tirar dúvidas com um dos atendentes
homens, porém, esses últimos sempre acabavam recorrendo a mim, o que deixava os
clientes sem graça quando presenciavam tal cena.”, ressalta Camila.
Profissão que virou
hobby
Já em 2018, ela começou a
trabalhar em um pequeno brewpub em Sousas (Campinas), fazendo de tudo, desde a
parte de entrega de Barril e montagem da chopeira para o cliente até a produção
(brasagem). Em 2019, ela continuou sua trajetória na cervejaria Berggren, no
laboratório, cuidando da qualidade de todo o processo. Posteriormente, ela foi
para o setor de produção de cerveja. “Aqui
foi onde menos sofri preconceito por ser mulher. Talvez pelo detalhe de não
trabalhar diretamente com o público como nas outras empresas”,
explica.
Hoje ela se diz realizada na
profissão e que o trabalho se tornou um hobby, tanto que em alguns finais de
semana ela fica em casa criando receitas e produzindo. “Trabalhar hoje com a marca é um sonho
realizado, pois minha trajetória não foi fácil, tive sempre que provar que era
capaz, estudar e mostrar meu potencial, mas creio que se eu fosse um homem tudo
isso seria mais fácil”, finaliza Camila.
Sobre o Lucrando com
Bebidas
O Curso é o primeiro do
Brasil, de forma 100% online, que ensina o empreendedor a criar a própria marca
de bebida destilada, sem ter um alambique, sem enfrentar a burocracia e com
baixo investimento. As aulas são ministradas por Leandro Dias, o empresário que
criou a Middas Cachaça, a única cachaça do planeta com flocos de ouro
comestível. Ele criou a marca sem ter um alambique e aplicando técnicas de
marketing e vendas que agora serão reveladas, para que qualquer pessoa possa
entrar em um dos mercados que mais crescem no Brasil e no mundo.